segunda-feira, 28 de março de 2016

Desabafo de uma funcionária que pede mais humanidade, espírito coletivo e atenção.

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"Quando eu entrei na Codern, sabia que o salário era baixo, mas eu me concentrava no vale-alimentação, com ele poderia fazer uma boa feira para minha família. Oba! Comida não ia faltar. 

Mas confesso que cheguei a pensar que aquilo era erro de digitação do edital. 800 e poucos reais? Uma Sociedade de Economia Mista vinculada ao governo federal? 

Mas não era erro de digitação...

Não estou, há anos, como muitos colegas, esperando pelo novo plano de carreiras, mas desde que entrei senti o clima de insatisfação misturado com desconfiança daqueles colegas que aguardavam, sem esperança. E eu me perguntava: Cadê o sindicato? Por que tanto silêncio? Não se faz greve aqui?  Por que tanto medo? Não poderiam, aquelas pessoas, reivindicarem algo tão básico como melhores salários? E se não lutarmos por isto, quem vai comprar essa briga?

Nosso salário delimita nossa vida. Dá condições para vivermos. Nós precisamos e nossa família precisa.

Mas "nem só de pão viverá o homem..." No Terminal Salineiro, situações absurdas ocorrem todos os dias, situações que põe em risco a vida daqueles trabalhadores, pais e mães de família que tem que submeter a riscos diários para garantir sua renda. E por que não é o meu pai, o meu irmão, ou o meu marido não devo me preocupar?

Por que não sou eu que recebo um salário-base que vale praticamente metade de um salário mínimo não deveria eu me preocupar? 

Por que não sou eu que estou sendo transportado em um meio precário, feito para transportar gado, não devo me preocupar?

Por que não sou eu que posso passar mal e precisar de socorro médico em alto mar e não ter o socorro imediato, não devo me preocupar?

Por que não sou eu a trabalhar em um ambiente confinado de temperatura "extrema", sem ar-condicionado, não devo me preocupar?

Estar embarcado em um local em que há 3 semanas não se retira o lixo... Eu não estava lá, então não devo me importar com isso...

2 meses sem ter energia, (Oi?) processos se acumulando e cobrança por resultados, mas não estou lá, então eu não devo importar...

Por que não sou eu que venho aguardando, há anos, a merecida e aguardada melhoria salarial que o novo plano de carreiras vai trazer, melhorando a vida de outras famílias e injetando novo ânimo de motivação, não deveria eu me incomodar?

Minha gente, nesse mundo há muitos males, o pior deles é o egoísmo. 

Nós, funcionários desta empresa, e somos nós que fazemos esta empresa, não devemos nos envergonhar de reivindicar estas melhorias, porque melhorar nossas condições de trabalho e dar um salário digno aos empregados da Companhia é melhorar a empresa como todo. A Codern clama por isso. E nós estamos aqui, nos expondo, com orgulho, e lutando por elas. Nós somos a Codern. Muitos tem uma relação de amor por esta empresa, boa parte de nossa vida é aqui. Ideal seria que esse amor fosse correspondido. Mas é tamanha a dor dessa "não-correspondência" que chegamos ao ponto dessa paralisação.

A luta que se inicia com esse protesto histórico, faço questão de frisar, não é pessoal, não tem nada contra esse ou aquele diretor. Esta luta busca uma Codern melhor e mais humana.  Uma empresa melhor para todos! Inclusive para os colegas que tem medo (em pleno século 21!) e também àqueles que não quiseram ou não puderam se expor no dia da paralisação. Infelizmente, havia um certo medo de alguns de serem rotulados por darem este grito de socorro:

SOS Terminal Salineiro. SOS PCCS. SOS Codern!

Como foi dito em oração, na sede do sindicato no início da paralisação: "Que Deus toque o coração daqueles que ouviram esses gritos."

Fonte: Desabafo de uma funcionária da Codern

3 comentários:

  1. Que esse protesto seja realmente o motor que possa desencadear a liberdade, a consciência, a empatia e o orgulho do trabalho e da empresa.
    Que estas belas, fortes e verdadeiras palavras de nossa nobre companheira de trabalho possa nos dar um sopro de renovação da motivação há muito perdida.

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