“A negociação foi positiva para os
trabalhadores. Estavam na mesa todos atores envolvidos com a Medida
Provisória: relator e presidente da comissão mista da MP, representantes
do governo federal e trabalhadores. Perante a situação que tínhamos na
época da publicação dessa medida, houve avanços significativos”, disse
Guterra.
Diante das reivindicações dos
trabalhadores, o governo federal aceitou rever o parágrafo único do art.
4º, que prevê que o contrato de concessão pode abranger a administração
do porto. Para Guterra, essa possibilidade representaria a privatização
da gestão portuária. “A privatização da gestão será excluída da MP”,
enfatizou.
Outro ponto de consenso é que os trabalhadores do porto devem ser representados pelos sindicatos dos portuários.
O governo se comprometeu ainda a incluir
na MP 595/12, a multifuncionalidade e a proibição do trabalho
temporário. Também foi assegurada a inclusão da guarda portuária. Para
os trabalhadores, a falta de menção à guarda no texto elaborado para
substituir a Lei 8.630/93, conhecida como Lei de Modernização, pode
abrir espaço para terceirização da atividade.
Durante a reunião de hoje (21), ficou
acertado que atuação dos profissionais da guarda portuária, em todos os
portos organizados, será regulamentada pela Secretaria de Portos (SEP).
Ficou acordado ainda que a representação
do Conselho de Autoridade Portuária, que ainda será regulamentado por
lei, será paritária entre trabalhadores e empresários. Já a
participação dos trabalhadores nos Conselho de Administração das
empresas estatais de administração portuária (Consad), continua como era
na lei anterior, sem restrições para as discussões sobre assuntos
sindicais como remuneração e benefícios.
Outro compromisso é criar um gupo para
debater temas relativos ao treinamento e qualificação do trabalhador
portuário. Além disso, o governo reiterou que vai adotar medidas para
cumprir a Convenção 137 da Organização Internacional do Trabalho (OIT) e
assim garantir renda mínima e aposentadoria diferenciada para os
trabalhadores avulsos.
Com o acordo, a paralisação programada para o próximo dia 25 está suspensa.
” Com muita luta e mobilização, os
trabalhadores portuários reivindicaram e nós conquistamos na mesa de
negociação todos os itens sociais e de direitos dos portuários que
constavam da pauta que entregamos para o relator da MP 595″, disse
Guterra.
Enumeração do itens acordados:
-toda e qualquer contratação de
portuários será obrigatoriamente precedida de negociação coletiva com
sindicatos que representam os trabalhadores;
- proibição do uso de mão de obra temporária para todas as categorias de trabalhadores portuários;
- garantia de renda mínima que viabilize substancialmente a renda dos portuários avulsos nos períodos de sazonalidade;
- garantia de que as aposentadorias de
avulso expostos a condições prejudiciais à saúde, que são prejudicados
com a demora na aprovação do laudo pelo INSS, sejam rapidamente
analisadas e liberadas;
- criação de um grupo de trabalho,
formado por representantes dos trabalhadores, do governo e da sociedade
civil, para discutir permanentemente políticas de qualificação
profissional dos portuários;
- será garantida na MP a multifuncionalidade, condição essencial para o desempenho dos trabalhadores nos portos;
- também constará no relatório da MP, a
determinação de que o Conselho de Autoridade Portuária terá
representantes dos trabalhadores (25%), empresários (25%) e governo
(50%);
- encontra-se em tramitação no MTE –
Ministério do Trabalho e Emprego, o reconhecimento das categorias
profissionais diferenciadas que atuam nos terminais portuários, entre
elas, estiva, bloco, vigilância de carga, capatazia, conferência de
carga e vigilância de embarcação, entre outros;
- será inserida no texto a garantia da permanência da guarda portuária – a regulamentação será feita pela Secretaria dos Portos;
Por Adriana de Araújo, assessora de comunicação da FNP
Nenhum comentário:
Postar um comentário